domingo, 17 de fevereiro de 2013

HD externo



Você recorda que eu sempre tive memória fraca e acha graça.

Eu me pergunto em que momento isso deixou de me fazer rir. Daí lembro que a única parte boa de não lembrar de quase nada era ter a sua memória comigo, enquanto você se ria e me beijava a testa esquecida. Sabe o HD externo que você sempre quis? Eu tinha um que segurava a minha mão.

Até então, achei que meus lapsos de memória me seriam muito úteis em sua ausência. Isso porque a gente tem a impressão de que basta apagar os momentos felizes, basta esquecer aqueles detalhezinhos que nos inspiravam amor, para não morrermos de saudade. 

E por muito tempo não lembrei de quase nada de nós dois. Às vezes me vinham flashs à cabeça, sem que eu soubesse identificar hora, lugar ou por que sorríamos, por que fazíamos tantas promessas tolas... E mesmo assim, sem saber o porquê, eu sentia gelar o peito por efeito daquelas lembranças borradas. 

Nem o tempo, nem o esquecimento, sabem driblar essa dorzinha que se mantém, inexorável, às vezes corrosiva, às vezes - quase - imperceptível. Essa dorzinha conhecida entre os poetas por saudade. 

Joguei em você aquelas palavras presas na garganta. Joguei porque preciso respirar. Se eu não lembro por que te amo, vou esquecer também por que fugi de ti. Vou te pedir que fique mais um pouco, nem que só para me contar sobre quando éramos felizes. Sua memória nunca falhou comigo. 



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