terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Consolação



Mirei teu rosto por tempo demais para o descaso que eu fingia. E ainda que tenha sido incisivo o olhar que de minha lágrima caía, me pareceu que só eu te via. E que teu rosto fosse talvez um desenho abstrato que eu precisasse decifrar. 

Silenciei por tempo demais. E quando finalmente estavas aqui, eu escolhi para dizer exatamente as palavras que eu não queria. Talvez na tentativa de calar aquele silêncio agudo. E como não poderia deixar de ser, entre os espasmos do silêncio que só tua presença corrompia, explodiram em mim aquelas palavras que minha boca repetia: "Eu acho que te amarei para sempre". 

Com a lágrima tímida que veio ao canto do meu olho, veio também a chuva acalentar meu pranto abafado. O céu, que com tantas estrelas bonitas, em tua ausência, me fazia companhia, chorava por nós comigo. Lavava nossas feridas. Chovia a água que fazia escorrer pelo ralo nossas palavras não ditas. 

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