Quando o primeiro passo
é dado, resta-nos encontrar um tanto de coragem para seguir em frente.
Para um bebê, o primeiro passo significa tudo. Não que ele esteja
consciente da magnitude desse gesto, tão espontâneo nessa fase da vida. Mas não
será esse o primeiro grande ato de uma vida inteira? Mal sabe aquela
criaturinha que acaba de protagonizar o episódio mais importante de sua
existência: o prenúncio de um tropeço. Depois daqui, ele estará pronto para
enfrentar o que vier. O fim da amamentação, o primeiro dia no Jardim de
Infância, a imagem da mãe indo embora pelo corredor de flores artificiais,
enquanto ela faz força para segurar as lágrimas e evita olhar para trás. É o
tropeço a base de tudo. Sem ele, nunca teríamos chegado a lugar nenhum. Uma
criança se atreve a levantar sem saber como aquilo funciona. E tropeça. Se ri,
ou se chora, pouco importa. Ela não teve medo.
Certo, com o tempo, aprendemos que é saudável sentir um pouco de
medo. Ele pode nos poupar de enrascadas das quais, provavelmente, não
levaríamos só lembranças de tropeços. Mas e quando o medo paralisa? Quem nunca
se viu imóvel diante de um começo? Tudo na vida requer uma dose de coragem:
começar um blog, uma carta, destinar um e-mail. Começar a tocar um instrumento?
Um ato heroico! Você vai parecer ridículo, vai incomodar a vizinha, afastar
alguns amigos, mas terá que começar de algum lugar. Mesmo que seja do ruído.
Esse pode não ser o seu caso, mas estou certa de que há um caso aí ainda não resolvido. Então, na dúvida, faça como a criança: levante com um impulso firme e um
sorriso leve, como quem não tem nada a perder. De preferência, tenha por perto
quem possa segurar sua mão, caso o caminho seja íngreme e você titubeie. Se não
tiver essa sorte, ainda assim, não há porque temer o tropeço. Eu, por exemplo, não
tivesse finalmente decidido embarcar, não teria chegado a 331 caracteres. Não
teria chegado a você.
E ainda que nada disso tenha lhe acrescentado muita coisa, foi o
meu primeiro passo. E esse é só o começo.
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