domingo, 14 de julho de 2013

De vegetariana a vegana: causas e causos.

“A comida sacia o corpo, mas só o alimento sacia o espírito”, disse Carla Ioost*, culinarista vegana que conheci em novembro do último ano. Cigana por natureza, Carla tem um pé na estrada, mas se encantou pelas terras e pela gente da Paraíba quando veio, em ocasião do Festival Mundo, ministrar um workshop sobre alimentação consciente. Desde então, armou sua barraca por aqui, encontrou seu canto – e por aqui tem espalhado seu canto cigano, cheio de amor e boas vibrações.

Ela é uma das figuras essenciais da nova fase que desabrochou – ou em que desabrochei – na minha vida. Nos conhecemos em uma época de mudanças para mim (época em que me tornei vegetariana), quando o universo se apresentava como se fosse tudo novo de novo, como para um recém-nascido, e quando eu descobri que não existe tempo, ainda que cada dia deva ser vivido como se fosse único.

Apesar da percepção que se revelou em mim e do tanto que aprendi com pessoas incríveis das quais me aproximei no período (Carla é só um dos nomes de uma lista imensa), nesse tempo até aqui me perdi diversas vezes pelo caminho, me afastei de pessoas essenciais e falhei em muitos de meus propósitos. Esta semana, ao folhear um livro, encontrei uma citação que me caiu como uma luva: “Perder uma ilusão torna você mais sábio que encontrar uma verdade”, de Ludwig Borne.

É libertador perceber que nada tem de ser perfeito, linear e que não é só humano ter altos e baixos, grandes revelações e grandes desilusões, mas é um mecanismo da própria natureza, que no final das contas faz que tudo seja como deve ser. Por isso, decidi deixar para lá as frustrações e começar (ou recomeçar) sem medo a trilhar o caminho para o que eu considero ser uma vida mais plena e mais coerente.

Você deve estar se perguntando onde entra a comida nessa história toda. Bem, eu posso lhe dizer que ela é causa e consequência de tudo. E nem se preocupe que não vou discursar sobre nosso instinto de sobrevivência e sobre como tudo que construímos e nos tornamos se deu a partir da nossa luta diária por alimento. Deixo essa parte para historiadores e antropólogos. Mas uma coisa é certa: a comida move o mundo e nós somos mero fruto do que nos alimenta.

Para não alongar mais a história, lá vai o meu ponto de partida na busca pelo equilíbrio – o qual compartilho com vocês por acreditar que, como parte elementar e essencial da vida, o ato de se alimentar deve, sim, ser encarado como um ato político e, portanto, devemos buscar fazê-lo da maneira mais consciente possível.


Meu primeiro dia como vegana. Mais informações sobre vegetarianismo, meus avanços e dificuldades nos próximos capítulos. :)




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