“A comida sacia
o corpo, mas só o alimento sacia o espírito”, disse Carla Ioost*, culinarista
vegana que conheci em novembro do último ano. Cigana por natureza, Carla tem um
pé na estrada, mas se encantou pelas terras e pela gente da Paraíba quando
veio, em ocasião do Festival Mundo, ministrar um workshop sobre alimentação
consciente. Desde então, armou sua barraca por aqui, encontrou seu canto – e por
aqui tem espalhado seu canto cigano, cheio de amor e boas vibrações.
Ela é uma das
figuras essenciais da nova fase que desabrochou – ou em que desabrochei – na minha
vida. Nos conhecemos em uma época de mudanças para mim (época em que me tornei
vegetariana), quando o universo se apresentava como se fosse tudo novo de novo,
como para um recém-nascido, e quando eu descobri que não existe tempo, ainda
que cada dia deva ser vivido como se fosse único.
Apesar da percepção
que se revelou em mim e do tanto que aprendi com pessoas incríveis das quais me
aproximei no período (Carla é só um dos nomes de uma lista imensa), nesse tempo
até aqui me perdi diversas vezes pelo caminho, me afastei de pessoas essenciais
e falhei em muitos de meus propósitos. Esta semana, ao folhear um livro,
encontrei uma citação que me caiu como uma luva: “Perder uma ilusão torna você
mais sábio que encontrar uma verdade”, de Ludwig Borne.
É libertador
perceber que nada tem de ser perfeito, linear e que não é só humano ter altos e
baixos, grandes revelações e grandes desilusões, mas é um mecanismo da própria
natureza, que no final das contas faz que tudo seja como deve ser. Por isso,
decidi deixar para lá as frustrações e começar (ou recomeçar) sem medo a
trilhar o caminho para o que eu considero ser uma vida mais plena e mais coerente.
Você deve estar
se perguntando onde entra a comida nessa história toda. Bem, eu posso lhe dizer
que ela é causa e consequência de tudo. E nem se preocupe que não vou discursar
sobre nosso instinto de sobrevivência e sobre como tudo que construímos e nos
tornamos se deu a partir da nossa luta diária por alimento. Deixo essa parte
para historiadores e antropólogos. Mas uma coisa é certa: a comida move o mundo
e nós somos mero fruto do que nos alimenta.
Para não alongar
mais a história, lá vai o meu ponto de partida na busca pelo equilíbrio – o
qual compartilho com vocês por acreditar que, como parte elementar e essencial
da vida, o ato de se alimentar deve, sim, ser encarado como um ato político e,
portanto, devemos buscar fazê-lo da maneira mais consciente possível.
Meu primeiro dia
como vegana. Mais informações sobre vegetarianismo, meus avanços e dificuldades nos próximos capítulos. :)
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